
Poluição do norte da Europa causa anomalias sexuais emanimais que vivem no Ártico
Isolados no Ártico, região gelada sem indústrias e com escassa presença humana, os ursos-polares pareciam a salvo dos efeitos da poluição. Não estão. Estudos mostram que um em cada 100 ursos de Svalbard, arquipélago entre a Noruega e o Pólo Norte, é um hermafrodita. Essa deformação de origem genética, que leva um animal a possuir órgãos reprodutivos de ambos os sexos, afeta a vida selvagem em várias partes do mundo, mas em nenhum lugar em proporções tão altas. A causa seria a exposição à poluição industrial trazida do norte da Europa pelo vento e pela água do mar. Os ursos-polares se tornam particularmente vulneráveis por estar no topo da cadeia alimentar do Ártico, que é curtíssima: a base é o plâncton, conjunto de microrganismos de que se alimentam os peixes. Estes são comidos pelas focas, que, por sua vez, são a base da alimentação dos ursos. A quantidade do principal agente causador de mudanças genéticas – um produto químico conhecido por ascarel, usado na indústria de equipamentos elétricos e proibido em vários países – aumenta em cada etapa e se concentra na gordura das focas, prato predileto dos ursos-polares. Um urso-polar, gigante de 2,5 metros de altura e 600 quilos, consome em média 2 quilos de gordura de foca por dia.
O hermafroditismo atinge muito mais as ursas, que desenvolvem um pequeno pênis. Em outras espécies do globo, a deformação é mais comum nos machos. Estima-se que existam hoje 22.000 ursos-polares, a maioria deles no Canadá. Em Svalbard são 3.000. Além da poluição, eles enfrentam outro problema: as mudanças climáticas causadas pelo aquecimento global. O aumento da temperatura na região do Círculo Polar Ártico está diminuindo a temporada de caça mais importante para o urso-polar, a que antecede o degelo do Oceano Ártico e seu período de hibernação. Os cientistas estimam que a mudança no clima tenha encolhido em duas semanas o período de caça desses animais. Isso acarreta vários problemas. Desnutridas, as fêmeas não conseguem amamentar direito os filhotes, o que aumenta a mortalidade das crias. "Se essa situação persistir, em trinta anos os ursos-polares serão animais em extinção", disse a VEJA Ian Stirling, biólogo canadense especialista nesses animais.
A fome faz os ursos atacar qualquer ser vivo que encontrem pela frente. O urso-polar é, por sinal, o único predador que sistematicamente inclui o homem entre suas presas. Em Churchill, uma cidade canadense no Ártico, o degelo aumenta em até três vezes a quantidade de ataques de ursos sofridos pelos moradores. Normalmente, num ano com degelo normal há entre dez e trinta ataques. Com o degelo ocorrendo fora de época, esse número é superior a 100. O mesmo fenômeno acontece em Svalbard. Lá os moradores não saem de casa sem uma espingarda na mão. Também é proibido trancar as portas das casas. Elas ficam abertas para que qualquer pessoa atacada por um urso tenha onde se refugiar.
O hermafroditismo atinge muito mais as ursas, que desenvolvem um pequeno pênis. Em outras espécies do globo, a deformação é mais comum nos machos. Estima-se que existam hoje 22.000 ursos-polares, a maioria deles no Canadá. Em Svalbard são 3.000. Além da poluição, eles enfrentam outro problema: as mudanças climáticas causadas pelo aquecimento global. O aumento da temperatura na região do Círculo Polar Ártico está diminuindo a temporada de caça mais importante para o urso-polar, a que antecede o degelo do Oceano Ártico e seu período de hibernação. Os cientistas estimam que a mudança no clima tenha encolhido em duas semanas o período de caça desses animais. Isso acarreta vários problemas. Desnutridas, as fêmeas não conseguem amamentar direito os filhotes, o que aumenta a mortalidade das crias. "Se essa situação persistir, em trinta anos os ursos-polares serão animais em extinção", disse a VEJA Ian Stirling, biólogo canadense especialista nesses animais.
A fome faz os ursos atacar qualquer ser vivo que encontrem pela frente. O urso-polar é, por sinal, o único predador que sistematicamente inclui o homem entre suas presas. Em Churchill, uma cidade canadense no Ártico, o degelo aumenta em até três vezes a quantidade de ataques de ursos sofridos pelos moradores. Normalmente, num ano com degelo normal há entre dez e trinta ataques. Com o degelo ocorrendo fora de época, esse número é superior a 100. O mesmo fenômeno acontece em Svalbard. Lá os moradores não saem de casa sem uma espingarda na mão. Também é proibido trancar as portas das casas. Elas ficam abertas para que qualquer pessoa atacada por um urso tenha onde se refugiar.